sexta-feira, 18 de março de 2011

Parei

Parei. Parei de pensar no que me doía. No que incomodava. Nas feridas quentes que sentia dentro do meu peito e que me faziam arder o estômago. Olhei para o espelho e deixei de ver a minha cara escura. Toquei no fundo dos meus olhos. Fechei-os. Soprei no meio do escuro e continuava a ver-me perdida. Vazia. Incompleta. Ridícula. Soprei mais uma vez e o escuro foi desaparecendo devagarinho. Aos poucos ia ganhando força. Vida. Capacidade para ordenar os movimentos das minhas pernas. Não esperei mais e fui em frente. Entrei no espelho.. Por trás do espelho vi duas pessoas, de perfil eram extremamente parecidas comigo. O espaço estava divido por duas cores o preto e o branco. Na zona branca via tudo aquilo que um dia tinha projectado para uma pessoa feliz e reconheci todo aquele cenário, alegre, fresco, novo, cor de rosa e com muitos sorrisos. No lado negro, vislumbrei algo que me pareceu quente demais para negar. Triste, sem sentido, mórbido e com muitas feridas. Parei bem no meio de ambos os lados e não percebi qual deles queria. Não sabia como me decidir por qual deles eu queria optar. Não sabia em qual deles eu queria ficar. Voltei a fechar os olhos e saí do espelho. Abri os olhos. Não vi nenhum dos lados.. apenas o meu reflexo.. um pouco mais fresco e menos negro. Decidi não tentar olhar uma vez mais na profundidade do espelho, pois desta vez sabia que o lado bom já não lá estaria. E permaneci assim... Há procura da decisão correcta. Continuo á espera que algum dos lados me escolha e me leve. Deixo que as nuvens brancas me deixem sonhar de olhos fechados. E desejos não os abrir quando tiver de voltar ao lado escuro.

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